segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Morte de cachorro traz à tona debate sobre segurança em pet shops


Caso do cão Giginho assusta donos de animais e levanta a questão: como escolher um pet shop seguro?


A ideia de deixar um animal no pet shop para um procedimento simples como tomar banho e encontrá-lo ferido ou morto é o pesadelo dos donos de animais de estimação. No começo do mês, a tragédia virou realidade para o dono do vira-lata Giginho, de dois anos, e deixou outros donos em alerta: como saber se o pet shop escolhido é seguro?

Giginho não é um caso isolado. “São frequentes os acidentes envolvendo animais nos pet shops. Alguns são realmente acidentes e outros, descuido dos profissionais”, afirma Marcelo Quinzani, diretor clínico do Hospital Veterinário Pet Care.
O laudo da necropsia de Giginho ainda não saiu, por isso a causa da morte ainda não foi divulgada. Mas o dono tem uma versão: “O rapaz admitiu para minha mãe, quando ela foi pegá-lo, que Giginho tinha morrido enforcado com a coleira da mesa de tosa. Ele disse que se descuidou quando foi atender o telefone”, diz o músico Jorge Anielo, 38, sobre o cachorro adotado há poucos meses.
Foi a primeira vez que a família levou o bicho naquele pet shop. “Pessoas que conhecemos levam seus cachorros lá. Quando alguém imagina que algo assim vai acontecer?”, afirma Jorge. A reportagem do iG entrou em contato com os responsáveis pelo pet shop, mas eles não quiseram se pronunciar.
Problemas comuns
O mais comum, de acordo com Marcelo, são problemas causados pela temperatura muito elevada dentro do local. “São muitos secadores e, se não tiver ar-condicionado, não tem como evitar: o ambiente fica muito quente, o que pode ser fatal para alguns cachorros.
Foi o caso de Astro, um shih-tzu de seis meses, que morreu, no ano passado, de intermação, segundo o laudo da necropsia pedido pela dona do animal, a empresária Luana Custodio, 26. A intermação ocorre quando o cachorro não consegue resfriar sua temperatura corporal em um ambiente de calor excessivo. “A intermação, ou hipertermia, é um grande problema porque os cães não transpiram pela pele e regulam a temperatura corpórea através da respiração. Mas esse artifício é insuficiente para algumas raças e o cachorro acaba morrendo”, afirma Marcelo. Ele explica que a crise é caracterizada quando o cachorro fica muito ofegante, a língua ganha um tom azulado e ele pode chegar a desmaiar. “Se o banho está muito complicado, cabe ao profissional não ir em frente. O mesmo com a tosa. É melhor desistir e tentar outro dia”, pontua Marcelo.

“Era a terceira vez que eu o levava para tomar banho. Normalmente dava em casa, mas uma vez por mês ele ia para o pet shop. A veterinária disse que, quando colocaram o Astro no tanque, ele teve convulsões. Ela tentou reanimá-lo, mas não conseguiu”, conta Luana. “Fizemos um acordo financeiro com o pet shop. Apresentei meus custos com o Astro e eles me ressarciram. Isso não traz nosso cachorro de volta, mas acredito que mexendo no bolso do dono do local ele vai ter mais cuidado e consciência de que está lidando com vidas”, afirma.
De acordo com o diretor clínico do Hospital Veterinário Sena Madureira Mário Marcondes dos Santos a elevação da temperatura corpórea pode acontecer em diversas situações. “Não acontece só em pet shop. Pode acontecer também dentro do carro, por exemplo, num dia muito quente. O conselho que podemos dar é que os donos de cachorros com focinho curto, que é o caso de raças como shih-tzu, pug e buldogue, evitem ambientes de calor excessivo. Em alguns casos, os veterinários chegam a proibir que alguns animais tomem banho em pet shop justamente por causa de crises de intermação.”

O shih-tzu Astro, que morreu de calor durante um banho em pet shop - 
as altas temperaturas são a maior causa de morte




Danielle Nordi



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